Ethos Animalis

"Os animais não são nossos para comer, usar, fazer experiências, ou para entretenimento."

Por Rachel Autran

Animais de várias espécies são utilizados "a torto e a direito" em experimentos variados, passando pela área de Psicologia, Medicina, Odontologia, Farmacologia, Imunologia, etc. Estatísticas encobrem o número de animais mortos desnecessariamente. Quantas vidas se esvaíram à toa? Nesse aspecto, pode-se incluir experimentos que só corroboram fatos já mais do descritos, pesquisas exageradas no uso do animais, procedimentos mal sucedidos, etc.
Inúmeros meios acadêmico já levantaram esse questionamento e, seja por pressão estudantil, pressão de ONGs de proteção animal, ou simplesmente mudança no comportamento ético, já inovaram métodos que antes "exigiam" o uso de animais vivos. É o caso da Western University, em Pomona, Califórnia, que, em 2003, foi a pioneira na utilização de bichos que morreram naturalmente ou foram submetidos à eutanasia por questões de idade avançada ou doenças terminais, nas áreas de Cirurgia e Anatomia.
O que dizer então de programas computacionais que permitem ao aluno explorar ao máximo a Fisiologia do organismo, podendo "desmontar" e reconstruir tecidos, vê-los camada por camada, tanto macro como microscopicamente, sem deixar de levar a complexidade em conta? É o caso da Uppsala University, na Suécia. Estudos por lá demonstraram que instruções auxiliadas por computador podem melhorar o ensino da Fisiologia Médica.
Manequins e simuladores estão amplamente difundidos no meio acadêmico dos EUA, Áustria, Holanda e outros países. Nesses, incluem modelos aritificias como o POP (Pulsatile Organ Perfusion), criado na Áustria, que simula de forma impecável o suprimento sanguíneo de órgãos, auxiliando em procedimentos laparoscópicos (em que se usa uma espécie de "telescópio" na cavidade abdominal por incisão cirúrgica).
Outro simulador um tanto quanto interessante é o cobaia de PVC (policloreto de vinila). Ele foi criado na Holanda, pela ONG Microsurgical Developments e patenteada pela Solvay Pharmaceuticals. Trata-se de uma "imitação" de um cobaia de verdade, a tal ponto de se confundirem. Ele tem pele, fígado, rins, coração, intestinos, árterias, veias, etc, que parecem reais. São utilizados PVC, outros plásticos, poliuretano, látex e aço inoxidável. Além da incrível similaridade à realidade, foram desenvolvidos também softwares que permitem simular a aplicação de anestesia, controlar temperatura e respiração da cobaia plástica, sem contar com treinamentos de transplantes e suturas, dentre outras práticas médicas. Cada unidade desse bichinho artificial é capaz de salvar cerca de 200 ratinhos por estudante e até 100 por técnico laboratorial. No Brasil, esse simulador já ganhou espaço na Universidade Paulista de Medicina, e outras 500 unidades estão espalhadas por centros de pesquisas da Europa, salvando várias vidinhas.
Mais alguns métodos alternativos estão bem pertinho de nós, presentes até em Brasília. É o caso de uma pesquisa de monografia no curso de Medicina Veterinária da Universidade de Brasília. Um aluno prestes a ser graduar, desenvolveu otimizações da aplicação de uma solução em cadáveres animais, a fim de deixá-los tão parecidos quanto bichos recém-eutanasiados, de consistência macia e fresca. Assim, alunos poderão treinar práticas cirúrgicas em seus ritmos, podendo aprender com seus erros e, o mais relevante de tudo isso, com uma consciência ética!
Espera-se que a motivação ética incite alunos a se aprofundarem em mais e mais métodos alternativos, fazendo do nosso país também um ícone em inovação consciente.
Está mais do que na hora de o Brasil entrar em sintonia com o compasso mundial em prol dos animais.

"A vida é valor absoluto. Não existe vida menor ou vida maior, inferior ou superior - engana-se quem mata ou subjuga um animal por julgá-lo um ser inferior. Diante da consciência que abriga a essência da vida, o crime é o mesmo". Olympia Salete, poetista e escritora brasileira.

Microcirurgia em cobaia de PVC

Rins, artérias e veias renais em cobaia de PVC

Cobaia de PVC: cerca de 200 vidas preservadas

Referências:
MAGALHÃES, M., ORTÊNCIO FILHO, H., 2006. Alternativas ao uso de animais como recurso didático. Unipar, Umuarama

http://www.plastico.com.br/revista/pm336/noticias3.htm

http://www.peta.org/issues/animals-used-for-experimentation/alternatives-testing-without-torture.aspx

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Um pouco sobre o Blog

"Bem-vindo ao Ethos Animalis! Este blog foi criado por estudantes de Bioética, da Universidade de Brasília, com o intuito de levantar questões polêmicas e expor diferentes opiniões sobre a experimentação usando cobaias não-humanas. Serão abordadas várias situações, conceitos, exemplos, etc... Nosso objetivo também é mostrar o que já foi feito em prol dos animais no que diz respeito ao seu uso na Ciência. Sinta-se à vontade para comentar, criticar, sugerir, etc. Afinal, num espaço ético, opiniões são expressas e respeitadas!"

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